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29 March 2020

. krzysztof penderecki (1933-2020)


Morreu Penderecki.

Sua música, inseparavelmente entranhada na memória de filmes como O exorcista (Friedkin); O iluminado (Kubrick); Coração selvagem, Império dos sonhos e da série Twin Peaks (Lynch); Ilha do medo (Scorsese), entre outros.

Sua talvez mais impressionante realização, a Trenódia para as vítimas de Hiroshima, composta em 1960, lembra as 140 mil pessoas (mais de um terço da população da cidade) que morreram apenas em 1945 pela explosão ou consequências da bomba atômica lançada pelo governo dos EUA sobre a cidade japonesa de Hiroshima (sem contar os posteriores casos de câncer e outros problemas de saúde, que se estenderam por décadas, tampouco as mortes provocadas pela segunda bomba, jogada sobre Nagazaki).

Esta pungente peça — assim como o livro de John Hersey (Hiroshima. trad.: Hildegard Feist. São Paulo: Companhia das Letras, 2002); ou o filme Black Rain (黒い雨, Shohei Imamura, 1989); ou a peça de teatro Os sete afluentes do rio Ota, de Robert Lepage (1989), montada no Brasil com direção de Monique Gardenberg — está entre as maiores criações humanas realizadas à sombra desse muito trágico acontecimento, esse crime contra a humanidade.

Além de compositor, era um muito ativo regente, com algumas passagens pelo Brasil, a mais recente à frente da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, a Osesp, em setembro de 2017. Abaixo, o segundo movimento da Sinfonia nº 3, de Górecki, com a Orquestra da Rádio Nacional Polonesa conduzida por Penderecki e participação da cantora Beth Gibbons — talvez mais conhecida por seu trabalho com a banda inglesa Portishead. (Pode-se ouvir a peça completa também no Spotify.)

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Aqui, na página da Osesp, um ensaio do musicólogo Mieczyslaw Tomaszewski sobre o compositor polonês. E abaixo, uma performance da Trenódia (uma das músicas mais impressionantemente dolorosas de todo o repertório sinfônico), com a Orquestra Sinfônica da Rádio Finlandesa, sob a regência de Krzysztof Urbański.

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