. blog de Fabio Camarneiro

assine

arquivos

29 March 2020

. conceitos fundamentais da história da arte

Em O que é arte (15ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1995, p. 38), o professor da Unicamp Jorge Coli apresenta de forma resumida as distinções entre dois períodos da história da arte, o classicismo e o barroco, conforme Heinrich Wölfflin (1864-1945) em seu Princípios fundamentais da história da arte (1915):
1) o classicismo é linear, o barroco, pictural;
2) o classicismo utiliza planos, o barroco, a profundidade;
3) o classicismo possui uma forma fechada, o barroco, aberta;
4) o classicismo é plural, o barroco, unitário;
5) o classicismo possui uma luz absoluta, o barroco, relativa.
Um retorno a Wölfflin pode nos embasar a cotejar essas distinções a partir das obras abaixo:

O nascimento da Vênus
(Nascita di Venere, c. 1484-86)
Sandro Botticelli (1445-1510)
têmpera sobre tela, 172,5 cm × 278,9 cm, Galleria degli Uffizi (Firenze)

Judite decapitando Holofernes
(c. 1598-1599)
Michelangelo Merisi da Caravaggio (1571-1610)
oil on canvas, 145 cm × 195 cm (57” × 76.7”), Galleria Nazionale d’Arte Antica (Roma)

A cena bíblica acima é narrada em O livro de Judite — que entra no acampamento do exército inimigo, participa de um banquete, seduz o comandante Holofernes e corta-lhe a cabeça.

Esse mesmo episódio foi também retratado por uma artista mulher, Artemisia Gentileschi, muito inspirada por Caravaggio e 22 anos mais jovem que ele:

Artemisia Gentileschi (1593-1656)
oil on canvas, 158,8 cm × 125,5 cm (6’ 6” × 5’ 4”), Museo Capodimonte (Napoli)

A partir dessas imagens, podemos também avaliar diferentes visões (praticamente contemporâneas) de uma mesma história bíblica à luz das questões de gênero.

-

E também pensar em como o barroco atingiu certo ápice em Diego Velázquez, aqui com seu arqui-famoso As meninas:

Las meninas
(1656)
Diego Rodríguez de Silva y Velázquez (1599-1660)
oil on canvas, 318 cm × 276 cm (125.2 in × 108.7 in) Museo del Prado (Madrid)

Um dos melhores capítulos sobre o quadro ainda é aquele em As palavras e as coisas (trad.: Salma Tannus Muchail. 8ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999), de Michel Foucault. Recentemente publicado no Brasil, Nada se vê: seis ensaios sobre pintura (trad.: Camila Boldrini; Daniel Lühmann. São Paulo: Ed. 34, 2019), de Daniel Arasse, conta com um muito bem informado capítulo sobre a obra-prima do pintor espanhol. Uma boa introdução às questões levantadas pelo quadro pode ser encontrada no texto de Alexandre Sá na revista Concinnitas, publicação do Instituto de Artes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ. E uma visita virtual pode ser realizada a partir do sítio do Museo del Prado.

-

No comments:

creative commons

followers

marcadores