. blog de Fabio Camarneiro

assine

arquivos

24 February 2012

d. w. griffith (1875-1948)


D. W. Griffith foi, por muitas décadas, considerado o “pai” da linguagem cinematográfica. Hoje, deixando um pouco de lado os superlativos, podemos pensar em Griffith como aquele que sistematizou as inovações formais das primeiras décadas do cinema de forma a consolidar o cinema narrativo de longa-metragem – modelo que seria, desde então, largamente adotado pela indústria de cinema ao redor do mundo.

Entre 1908 e 1914, na American Biograph, Griffith dirigiu em torno de 400 curtas-metragens, nos quais desenvolveu recursos formais como a decupagem dentro da cena e a montagem paralela, entre outros. Pela importância desses filmes na história do cinema narrativo, Griffith é reconhecido como o organizador de uma “gramática” do cinema, que se baseava igualmente em um modelo de dramaturgia oriundo do melodrama do século XIX (daí também o escopo moral das obras do diretor).

Segue um breve compêndio de materiais a respeito de D. W. Griffith. Alguns trechos dos livros podem ser lidos no Google Books. Uma extensa bibliografia está disponível no site da Universidade de Berkeley:
Outra bibliografia (além de breve resumo biográfico e filmografia) está disponível no Film Reference, que resume em poucas linhas a polêmica em torno do diretor:
Perhaps no other director has generated such a broad range of critical reaction as D. W. Griffith. For students of the motion picture, Griffith’s is the most familiar name in film history. Generally acknowledged as America’s most influential director (and certainly one of the most prolific), he is also perceived as being among the most limited. Praise for his mastery of film technique is matched by repeated indictments of his moral, artistic, and intellectual inadequacies. At one extreme, Kevin Brownlow has characterized him as “the only director in America creative enough to be called a genius.” At the other, Paul Rotha calls his contribution to the advance of film “negligible” and Susan Sontag complains of his “supreme vulgarity and even inanity”; his work “reeks of a fervid moralizing about sexuality and violence” and his energy comes “from suppressed voluptuousness.”
A conclusão possível é que o legado de Griffith ainda precisa ser debatido. Ele foi um dos principais artífices de uma das mais importantes formas artísticas do século XX e, ao mesmo tempo, herdeiro das contradições e dos piores preconceitos do século XIX. O que a obra de D. W. Griffith nos diz, ainda hoje? Algumas respostas podem ser encontradas nos materiais abaixo:


Livros
  • The Griffith Project, coleção coordenada por Paolo Cherchi Usai e publicada pelo British Film Institute, com ensaios sobre toda a obra de Griffith. Atualmente, conta com 12 vols., o primeiro deles editado em novembro de 1999 e o mais recente, em 2008.
  • Um dos melhores livros sobre o realizador é D. W. Griffith and the origins of American narrative film: the early years at Biograph (Urbana: University of Illinois Press, 1991), de Tom Gunning, que pode ser consultado no Google Books:



  • O livro de Roberta E. Pearson, Eloquent gestures: the transformation of performance style in the Griffith Biograph films (Berkeley: University of California Press, 1992) e o de David Mayer, Stagestruck filmmaker: D. W. Griffith and the American theatre (Iowa: University of Iowa Press, 2009) tratam especificamente da evolução das noções de gesto e encenação no cinema de Griffith e suas relações com o teatro americano do final do século XIX (Griffith passou pelos palcos como ator antes de dirigir filmes). Ambos estão disponíveis para consulta no Google Books.






  • Existem algumas boas biografias do cineasta: D. W. Griffith: an American life (New York: Proscenium Publishers Inc., 1984), de Richard Schickel (publicada no Reino Unido como D. W. Griffith and the birth of film), tem trechos disponibilizados no Google Books. Outros títulos de interesse são D. W. Griffith: his life and work (New York: Oxford University Press, 1972), de Robert M. Henderson e a autobiografia do diretor, que, de forma imodesta, foi intitulada por seu editor (James Hart) como The man who invented Hollywood: the autobiography of D. W. Griffith (Louisville: Touchstone Pub. Co., 1972).



  • O professor da UFF, João Luiz Vieira participou de D. W. Griffith and the Biograph Company, de Cooper C. Graham et al. (Metuchen: Scarecrow Press, 1985). Segundo Vieira, “a primeira pesquisa a levantar as fichas técnicas completas dos filmes realizados na Biograph, um trabalho feito por quatro pesquisadores (eu fui um deles) na Library of Congress e no MoMA, coordenado pelo professor Jay Leyda”.
  • No Brasil, foi lançado o ensaio de Ismail Xavier, D. W. Griffith: o nascimento de um cinema (São Paulo: Brasiliense, 1984), na coleção Encanto Radical. Infelizmente, o livro encontra-se esgotado. Em espanhol, o volume da coleção da Editora Cátedra, David Wark Griffith (Madrid: Cátedra, 1998), de José Javier Marzal pode ser encontrado em boas livrarias (a Martins Fontes possui vários títulos da coleção da Cátedra em suas estantes).
  • Livros de dois importantes colaboradores de Griffith: a atriz Lillian Gish, que publicou The movies, Mr. Griffith and me (Englewood Cliffs: Prentice-Hall, 1969), e o operador de câmera Billy Bitzer, His story: the autobiography of D. W. Griffith’s master cameraman (New York: Farrar, Straus and Giroux, 1973).
  • Dois livros homônimos: o primeiro, publicado na coleção da Cambridge Film Classics e de autoria de Scott Simmon, The films of D. W. Griffith (New York: Cambridge University Press, 1993); e, sob o mesmo título, por Edward Wagenknecht e Anthony Slide (New York: Crown, 1975).
  • Duas antologias de textos em francês: de Patrick Brion (ed.), D. W. Griffith, publicado pelo Centre Georges Pompidou (Paris: Paris: L’Equerre, Centre Georges Pompidou, 1982), e, com organização de Jean Mottet, D. W. Griffith: colloque international (1984).
  • No site da University of California Press, está disponível a íntegra do texto de The memory of Tiresias: intertextuality and film, de Mikhail Iampolski (Berkeley: University of California Press, 1998) A parte 2 do livro é intitulada “Narrative’s way: D. W. Griffith”.
  • Outros dois títulos: Michael Allen, Family secrets: the feature films of D.W. Griffith (London: BFI Publishing, 1999), e Cooper C. Graham et al., D. W. Griffith and the Biograph Company (Metuchen: Scarecrow Press, 1985).

Capítulos de livros
  • O volume organizado por Thomas Elsaesser (e coordenação geral de Adam Barker), Early cinema: space frame narrative (London: BFI Publishing, 1990) contém alguns textos dedicados a Griffith: dos mesmos Elsaesser e Barker, “The continuity system: Griffith and beyond”; de Jacques Aumont, “Griffith: the frame, the figure” (pp. 348-359); de Anne Friedberg, “‘A properly adjusted window’: vision and sanity in D. W. Griffith’s 1908-1909 Biograph films”.
  • Outro importante livro de artigos dedicados ao primeiro cinema é o de Richard Abel (ed.), Silent film (New Brunswick: Rutgers University Press, 1996). De Rick Altman, o artigo “Dickens, Griffith, and film theory today” (pp. 145-162) atualiza o debate em torno do texto de Sergei M. Eisenstein, “Dickens, Griffith e nós”, escrito em 1943 e publicado em A forma do filme (tradução: Teresa Ottoni; apresentação e notas: José Carlos Avellar. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002), pp. 176-224.
  • O livro de Abel faz parte da coleção Depth of Field. Da mesma coleção, editado por Virginia Wright Wexman, Film and authorship, (New Brunswick: Rutgers University Press, 2003) rtaz um artigo de Tom Gunning, “D. W. Griffith: historical figure, film director, and ideological shadow”, sobre Griffith.
  • Também de Tom Gunning, “Weaving a narrative; style and economic background in Griffith’s Biograph films”, também em Early cinema: space frame narrative, pp. 336-347.
  • William K. Everson, em seu American silent film (New York: Oxford University Press, 1978), dedica importante capítulo (“Griffith in the Twenties”) ao realizador estadunidense.
  • O livro de Miriam Hansen sobre a recepção e a audiência do primeiro cinema (Babel and Babylon: spectatorship in American silent film, Cambridge: Harvard University Press, 1991) e o de Robert Lang sobre o melodrama no cinema americano (American film melodrama: Griffith, Vidor, Minnelli, Princeton: Princeton University Press, 1989) possuem trechos de grande interesse sobre Griffith.
  • James Agee tem um capítulo chamado “David Wark Griffith” em Great film directors: a critical anthology, editado por Leo Braudy e Morris Dickstein (New York: Oxford University Press, 1978).
  • Giulia Carluccio, “Griffith, Gish, and the narrative of the face”, em Silent film: the triumph of the American myth, editado por Paula Marantz Cohen (New York: Oxford University Press, 2001).
  • Um capítulo do livro de Timothy Corrigan sobre o cinema clássico em Griffith e certas convenções da literatura do século XIX, “D.W. Griffith and the birth of classical cinema from literature”, em Film and literature: an introduction and reader, pp: 19-25. (New Jersey: Prentice Hall, 1998).
  • Um capítulo do livro do professor Robert Sklar (recentemente falecido), “D. W. Griffith and the forging of motion-picture art”, em Movie-made America: a social history of American movies (New York: Random House, 1975).
  • David Trotter, “The space beside: lateral exposition, gender and urban narrative space in D. W. Griffith’s Biograph Films”, em Cities in transition: the moving image and the modern metropolis, editado por Andrew Webber e Emma Wilson (London: Wallflower, 2008). Aqui, uma resenha do livro, por Anna Knight, na Senses of Cinema.
  • Sobre Griffith e o melodrama, ver A. Nicholas Vardac, “Realism and romance: D. W. Griffith”, em Imitations of life: a reader on film and television melodrama, editado por Marcia Landy (Detroit : Wayne State University Press, 1991), e também Linda Williams, “Race, melodrama in ‘The Birth of a Nation’ (1915)”, em The silent cinema reader, editado por Lee Grieveson e Peter Krämer (London: Routledge: 2004), além de LindaWilliams, “Melodrama revised”, em Refiguring American film genres: history and theory, editado por Nick Browne, pp: 42-88 (Berkeley: University of California Press, 1998).

Artigos em periódicos
  • Para ler alguns dos artigos, é necessário ter acesso ao Jstor, ou acessar o site de um computador ligado a essa rede (a partir de um computador ligado à rede de alguma instituição de ensino conveniada, por exemplo).
  • Michael Rogin, “The sword became a flashing vision: D. W. Griffith’s The Birth of a Nation”, in: Representations 9, Special Issue: American Culture Between the Civil War and World War I (Winter, 1985), pp. 150-195.
  • George, Pratt, “In the nick of time, D. W. Griffith and the last-minute rescue”, in: Image (Rochester, New York), 2 May 1959.
  • Richard Meyer, “The films of David Wark Griffith: the development of themes and techniques in 42 of his films,” in: Film Comment (New York), Fall / Winter 1967.
  • Russell Merritt, “Rescued from a perilous nest: D. W. Griffith’s escape from theatre into film”, in: Cinema Journal (Evanston), Fall 1981.
  • A. Weber, “Des primitifs à Griffith”, in: Cinémaction (Paris), vol. 23, November 1982.
  • Do especialista em Griffith e no primeiro cinema Tom Gunning, “The movies, Mr. Griffith, and us”, in: American Film (Washington, D.C.), June 1984.
  • De Richard Corliss e do biógrafo de Griffith (e também autor de quase duas dezenas de livros sobre personalidades do cinema) Richard Schickel, “Writing in silence”, in: Film Comment (New York), July / August 1985.
  • Marshall Neilan e R. S. Birchard, “Griffith: an untold chapter”, in: American Cinematographer (Los Angeles), January 1986.
  • Alexander Doty, “D. W. Griffith’s poetics of place and the rural ideal”, in: Journal of Comparative Poetics, Spring 1986.
  • C. Keil, “Transition through tension: stylistic diversity in the late Griffith Biographs”, in: Cinema Journal (Austin, Texas), vol. 28, no. 3, Spring 1989.
  • R. Merritt, “D. W. Griffith’s Intolerance: reconstructing an unattainable text”, in: Film History , vol. 4, no. 4, 1990.
  • S. Simmon, “The female of the species - D. W. Griffith: father of the woman’s film”, in: Film Quarterly (Berkeley), vol. 46, no. 2, Winter 1992–93.

Artigos online
  • Na seção Great Directors da Senses of Cinema, um artigo de John Steinle, que serve de introdução à obra de Griffith.
  • Na mesma Senses of Cinema, uma análise de A corner in wheat, por Erik Ulman.
  • Um artigo de William M. Drew.

Filmes
  • No YouTube, existem vários filmes de Griffith. Abaixo, An unseen enemy (1912), com as irmãs Lillian e Dorothy Gish:


  • Segundo o próprio site, o Internet Archive é um projeto para oferecer acesso à conteúdos digitalizados a pesquisadores, estudantes e ao público em geral. Possui em seu acervo arquivos de texto, áudio, softwares e também filmes, que podem ser baixados para o computador. Um dos vários filmes de Griffith disponíveis é A corner in wheat (1909):



-

No comments:

creative commons

followers

marcadores