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07 September 2009

gigante

Não são poucos os méritos de Gigante, de Adrián Biniez.


A trama se desenrola em dois espaços complementares: um supermercado e as ruas de Montevidéu.

No mercado, durante a noite, trabalham gerentes, funcionários do estoque e da limpeza, seguranças etc. Um mundo muito asséptico, organizado, voltado para o consumo.

As ruas da capital uruguaia mostram subúrbios, pontos de ônibus, casas antigas, uma lan house nada sofisticada, uma sala de cinema, uma casa de shows, um restaurante... Um mundo decadente e tedioso, de certa forma oposto ao do mercado.

Quando um segurança (o gigante do título) secretamente se apaixona por uma das faxineiras do supermercado, ele encarna a tradição de Cyrano de Bergerac: pessoa muito doce, não confessa sua paixão temendo ser rejeitado por sua aparência física.

A comunicação entre os personagens passa a acontecer através de telas: ele a acompanha pelo circuito interno de segurança do supermercado. Em casa, a relação com o sobrinho passa pelo videogame. No bar, as pessoas conversam olhando para o futebol na televisão.

As telas onipresentes parecem separar esses dois mundos: os sonhos de consumo do mercado e a realidade concreta das pessoas. As telas são o espaço da fantasia, a partir das quais Gigante imagina uma grande paixão.

Gigante se aproxima dessas questões tão contemporâneas de modo inteligente e delicado, num filme repleto de silêncios e de humor.

Ao final, o Gigante se rebela contra as ilusões do mercado, contra as promessas de consumo. Surge outro espaço: o mar e sua imensidão; a possibilidade de existir a partir de uma outra experiência de tempo, quando as telas podem ser esquecidas por um instante e as pessoas podem conversar tête-à-tête, acompanhando o movimento das ondas do oceano.

Aqui, texto de Rodrigo de Oliveira na Cinética.

Abaixo, o trailer do filme.


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2 comments:

Luciana Lindemann said...

Fabinho, o melhor de tudo foi ter o privilégio e a honra de ver contigo essa obra tão sensível. Amei o filme a companhia. bjs Lu

Janaina F. said...

Fábio, coisas boas é pra serem divulgadas...seu blog é ótimo. O selo é um presente pro seu blog, se quiser colocar ou não fique á vontade, a brincadeira é seguir umas das regras indicadas ao lado do selinho, e indicar o selo para mais blogs que você goste ou acompanha...estarei sempre por aqui! abraços!

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