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25 August 2009

o guardador de rebanhos | XXXIX

(Alberto Caeiro)

o mistério das cousas, onde está ele?
onde está ele que não aparece
pelo menos a mostrar-nos que é mistério?
que sabe o rio disso e que sabe a árvore?
e eu, que não sou mais do que eles, que sei disso?
sempre que olho para as cousas e penso no que os homens pensam delas,
rio como um regato que soa fresco numa pedra.

porque o único sentido oculto das cousas
é elas não terem sentido oculto nenhum.
é mais estranho do que todas as estranhezas
e do que os sonhos de todos os poetas
e os pensamentos de todos os filósofos,
que as cousas sejam realmente o que parecem ser
e não haja nada que compreender.

sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos: —
as cousas não têm significação: têm existência.
as cousas são o único sentido oculto das cousas.
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