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09 September 2009

querida mãe | dia dos pais

Eduardo Valente e Lis Kogan organizam mensalmente a sessão Novíssimo cinema brasileiro, no Cine Glória. No feriado de 7 de setembro, foram exibidos dois filmes sobre a memória familiar.


Em Querida mãe, a diretora Patrícia Cornils percorre trechos da correspondência de sua mãe (em São Caetano do Sul, SP) para sua avó (em Recife, PE), recriando e recuperando imagens e lugares que surgem no texto datilografado das cartas.

Dia dos pais observa de maneira delicada e cuidadosa o cotidiano de algumas cidades do Vale do Paraíba até chegar a Bananal, lugar das memórias de infância de Julia Murat, que também dirige o filme com Leo Bittencourt.

Os pontos de contato entre os dois trabalhos não são poucos. A memória familiar surge como primeiro motor da realização. Em ambos temos a presença do trem relacionada ao progresso e à esperança (e também, de certa forma, à falência dos projetos e à morte). A estrada, a viagem, e as distâncias (temporais, espaciais, afetivas) permeiam ambos os filmes.

A memória surge como coisa maleável, que pode ser construída, moldada, esculpida. Na releitura das cartas de uma filha enviadas a sua mãe e no reencontro com os parentes que ficaram na cidade da infância, a tentativa é recriar a si mesmo: poder recontar o próprio passado.

Uma proposta repleta de riscos e incertezas, seja para os indivíduos envolvidos, seja para o realizador. Não há, em nenhum momento, aquela espécie de exibicionismo egocêntrico – que tanto se encontra na internet, por exemplo.

Querida mãe e Dia dos pais são, cada um a sua maneira, dois belos e delicados filmes, que mostram a coragem de seus realizadores em encarar o próprio passado e a sensibilidade de saber transformá-lo em cinema.

Aqui, texto de Fábio Andrade sobre Dia dos pais, na Cinética.

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